17.12.11

#100Camillo II: Chuva


Negra, a noite enegrece o espaço opaco em torno.
Asas desfilam no ar, sumindo na penumbra.
O ar é parado e abafadiço. Como um forno,
A noite marcha e a terra inteira tinge a obumbra.

Rasga o colo do céu rubro rubi. Deslumbra
De um raio em ziguezague o rutilante adorno.
Tra o trovão após o raio que relumbra.
Morre na noite a dispnéia de um bochorno.

O arvoredo, a tremer, ergue os braços ao léu.
A terra ardente é toda um pedaço de gula,
Um desejo de brasa a pedir chuva ao céu.

E a chuva, em ricochete, abre o céu carregado,
Esperneia, peralta; em pingos grossos, pula;
E tomba, e treme, e tamborila no telhado...

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